terça-feira, 2 de novembro de 2010

Gentileza gera gentileza

"Profeta Gentileza", José Datrino


"Gentileza gera Gentileza"
Quem foi José Datrino, o "Profeta Gentileza"?

Foi empresário, dono de uma transportadora, que largou tudo para perambular no Rio de Janeiro, vestindo uma túnica branca cheia de palavras positivas, distribuindo flores e mensagens para pessoas que passavam.


Sua obra maior foi a pintura de 56 murais do viaduto Caju, que ele mantinha com

mensagens sobre gentileza, natureza, amor, espiritualidade, males, capitalismo - contornadas pelo verde e amarelo da nossa bandeira.

Após sua morte, as mensagens foram pichadas e posteriormente apagadas pela prefeitura com tinta cinza. Graças a iniciativa de um professor universitário, organizou-se um movimento de restauração e tombamento desses murais.

Um dos que mais gosto é o 3:


"ESTE E O PROFETA
GENTILEZA QUE
GERA GENTILEZA
COM AMORRR E PAZ
PARA UM BRASIL E UM
MUNDO MELHOR MEUS
FILHOS NÃO USEM PROBLE-
MAS USAMOS A NATUREZA"

*AMORRR = amor no pai, no filho e no espírito santo

Como tudo começou?

Quando era menino, já dizia ouvir um chamado sobre sua missão e que um dia deixaria tudo para cumprí-la. A vida na roça o ensinou a amansar burros para transporte de cargas, quando tornou-se "profeta", era assim que se definia:


"Amansador dos burros homens da cidade que não tem esclarecimento"

Devido às visões que tinha, foi levado a médicos e curandeiros espirituais. Fugiu sem avisar para o Rio de Janeiro, onde casou-se, virou dono de uma transportadora e teve 5 filhos.

Após o incêndio em um grande circo de Niterói, em que morreram mais de 500 pessoas, José ouviu vozes pedindo que abandonasse o mundo material e se dedicasse à vida espiritual.

Pegou um dos seus caminhões e foi até o local do acidente. Em cima das cinzas do circo, fez um jardim e uma horta, e morou lá por 4 anos, consolando as pessoas entristecidas pela tragédia. Ganhou os apelidos de "José Agradecido" e "Profeta Gentileza". Saindo do local, começou a espalhar sua mensagem pelas ruas do Rio de Janeiro.

Foi internado 3 vezes em hospitais psiquiátricos. Os pacientes ficavam em volta dele, ouvindo suas pregações. Um dos médicos disse que os choques eram à toa: José não era louco. Outro teria dito: "Gentileza, você veio para te curarmos ou para nos curar?".

Quando chamado de louco, dizia: "sou maluco pra te amar, louco pra te salvar" ... "seja maluco mas seja como eu, maluco beleza, da natureza, das coisas divinas."

Não aceitava esmola das pessoas: "é mais fácil um burro criar asas e avoar do que um centavo de alguém aceitar". Ao contrário, alertava: "cobrou é traidor - o padre está esmolando, o pastor tá pastando e o Papa tá papando, papão do capeta capital".

Criou um grafismo próprio, como Univvverrsso, Amorrr, Conheser e várias outras, atribuindo significado mais amplo a essas palavras. Quando acusado de não saber escrever, ele se defendia "Eu que não sei escrever ou você que não sabe ler? Conheser é de conhecer o ser, conhecer a si mesmo".

Faleceu em 28 de Maio de 1996, em Mirandópolis-SP, aos 79 anos.

Mais Informações: Rio com Gentileza

A natureza não vende terra,
a natureza não cobra pra dar alimentação para nós.
Esse dia lindo,
essa luz que está em cima de nós, a nossa vida,
ou seja, vem do mundo, é de graça,
é Deus nosso Pai que dá.

Agora o capeta do homem que é o capitalismo, é que vende tudo, destrói tudo,
destruindo a própria humanidade.

Capeta vem de origem capital.
É o vil metal
Faz o diabo, demônio marginal.
Por esse motivo, a humanidade vive mal.
Mal de situação,
mau de maldade,
porque o capitalismo é falsidade,
o pranto de toda a maldade,
raiz de toda a perversidade do mundo.
É o dinheiro.

O dinheiro destrói a mente da humanidade.
O dinheiro coloca a humanidade surdo.
O dinheiro destói o amor.
O dinheiro cega.
O dinheiro mata.

Todo dia você lê jornal, ouve rádio,
televisão, só vê barbaridade:
é crime, é assalto, é sequestro, é vício, nudez, devassidão, fome e guerra.
Vai ver qual é a causa:
capitalismo.



Música "Gentileza" - Marisa Monte



http://www.youtube.com/watch?v=Dny57BwrNLw


OBSERVAÇÃO - Impossível não comparar o trabalho e trajetória do Profeta Gentileza com a do Leonard Knight da Salvation Mountain. Se ficou curioso, clique para conhecê-lo:

"Salvation Mountain" - Leonard Knight


Gentil tem a ver com gente
Por Carlos Solano

Belo Horizonte tem muita coisa boa. Tem pão de queijo, montanha, feira de flores e tem o Instituto de Arquitetos, que criou, há 11 anos, o prêmio Gentileza Urbana para estimular a qualidade de vida na cidade. Desde 1993, foram premiadas 90 iniciativas gentis: um trompetista que, ao entardecer, espalha suaves melodias pela vizinhança; as irmãs beneditinas, que recuperaram os sinos (e os sons) do mosteiro onde vivem; a senhora que, no Natal, constrói um presépio maravilhoso e abre a casa oas vizinhos; um grupo de lixeiros que canta enquanto trabalha; um músico que faz cirandas em praça pública; a pintura do prédio da Santa Casa, um hospital cuja aparência entristecia a vida da cidade; a construtora que aumentou o recuo de um novo edifício para que os pedestres usufruíssem de mais espaço na calçada; o projeto Arte no Ônibus, que reproduz pinturas e poesias em cartazes fixados no transporte público. E por aí vai.
A cidade agradece. Melhor dizendo, a vida agradece. Afinal, como disse o filósofo Moacir Laterza, gentil tem a ver com gente. A premiação, que se originou em Minas, atualmente se espalha por outras cidades do país, pois ainda é tempo de ser agente. De ser gente. Portanto, faça a sua arte, quero dizer, parte. E siga a sugestão de um gentil desconhecido: “Só passarei por este mundo uma vez. Assim, todas as boas ações que eu puder praticar e todas as gentilezas que eu puder dispensar a qualquer ser humano, devo aproveitar este momento para fazê-lo. Não devo adiá-las nem me esquecer delas, pois não voltarei por este caminho”

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