Samba no Pé....ao embalo do Palavra cantada.
Os alunos ouviram, curtiram e depois caíram na folia, nas aulas de Artes e Educação Física.
Abaixo, uma reportagem muito interessante sobre dança, festas populares e interdisciplinariedade entre Educação Física e Artes
Parceria entre Artes e Educação Física : Interdisciplinaridade
Texto: Reportagem da Revista Nova Escola
Dança na escola: uma educação pra lá de física
Movimentos ritmados, acompanhando uma música, ajudam a despertar a consciência corporal da garotada
Paulo Araújo (Paulo Araújo)
Primeiros passos: com as típicas sombrinhas,
turma de Educação Infantil aprende frevo na
escola Espaço Brincar, em São Paulo.
Foto: Karine Basilio
turma de Educação Infantil aprende frevo na
escola Espaço Brincar, em São Paulo.
Foto: Karine Basilio
Brincadeiras servem para aquecer
As crianças ajudam a criar a coreografia: inspiração na cultura popular. Foto: Karine Basilio
No Espaço Brincar, em São Paulo, os professores de Educação Infantil Sílvia Lopes, Bruno Quintas e Yvan Dourado desenvolvem estratégias lúdicas para fazer as crianças se mexerem. Pesquisadora da cultura popular, Sílvia resolveu ensinar alguns passos de frevo à turminha. Antes, recorreu às brincadeiras infantis e à contação de histórias. "Não adianta trazer a coreografia pronta", alerta a professora. "Os alunos querem participar da criação e precisam descobrir, primeiro, que movimentos já sabem fazer."
Para esquentar e levar cada um a conhecer melhor o corpo, a professora chamou a garotada para participar de um bolo humano. A atividade tem início com todos sentados em um grande círculo. Aos poucos, eles vão se arrastando para o centro da roda, orientados por Sílvia, que indica como vão se movimentar. Quando todos estão juntos, simulam com braços e pernas adicionar os ingredientes à massa do bolo. Em seguida, eles se chacoalham, imitando uma batedeira, e voltam para o lugar de origem, também movendo-se pelo chão.
Para esquentar e levar cada um a conhecer melhor o corpo, a professora chamou a garotada para participar de um bolo humano. A atividade tem início com todos sentados em um grande círculo. Aos poucos, eles vão se arrastando para o centro da roda, orientados por Sílvia, que indica como vão se movimentar. Quando todos estão juntos, simulam com braços e pernas adicionar os ingredientes à massa do bolo. Em seguida, eles se chacoalham, imitando uma batedeira, e voltam para o lugar de origem, também movendo-se pelo chão.
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Em outro momento, a professora conta a história do saci-pererê. "Escolhi o personagem porque ele se apóia numa perna só e a garotada adora ficar assim, se equilibrando", observa Sílvia. A idéia é que, com sombrinhas de frevo, os alunos interpretem como o saci faria para atravessar uma floresta, cruzar um rio, desviar de cobras e onças com pulos e rolar pelo chão. Pronto! Assim, as crianças aprendem os passos básicos do frevo. A aula de 50 minutos acaba com um relaxamento coletivo.
A professora de Educação Física Luciana Burgos, de Porto Alegre, também uniu a cultura popular à consciência corporal em suas aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas. Há dez anos, ela percebeu que podia associar alguns exercícios a passos do vanerão, dança típica gaúcha. Nesse caso, o ideal é começar o trabalho pela teoria, explicando a origem da dança. Depois, entram em cena elementos como música e figurino. "Em pouco tempo, conseguimos formar várias duplas", conta a professora. "Deixei as aulas de ginástica a cargo de um colega e me dediquei só ao grupo de dança."
O popular deixa a dança mais atraente
A professora de Educação Física Luciana Burgos, de Porto Alegre, também uniu a cultura popular à consciência corporal em suas aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas. Há dez anos, ela percebeu que podia associar alguns exercícios a passos do vanerão, dança típica gaúcha. Nesse caso, o ideal é começar o trabalho pela teoria, explicando a origem da dança. Depois, entram em cena elementos como música e figurino. "Em pouco tempo, conseguimos formar várias duplas", conta a professora. "Deixei as aulas de ginástica a cargo de um colega e me dediquei só ao grupo de dança."
O popular deixa a dança mais atraente
Para despertar nos alunos o interesse pela dança, é preciso levar em consideração o repertório artístico que eles têm, deixar bem claro que homem também dança e, claro, convidar a turma toda para participar. Há 15 anos, a professora de Artes Marly Vendramini Cairoli, da Escola Municipal de Ensino Fudamental Dona Angelita Maffei Vita, em São Paulo, propõe atividades variadas para atrair alunos de 5ª a 8ª série para suas aulas.
Diversas turmas já contaram em forma de coreografia a história do cientista Albert Sabin (1906-1993) e do pintor Salvador Dalí (1904-1989)e reproduziram com o corpo a famosa tela Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973). A última inspiração de Marly veio de uma visita que suas turmas de 7ª e 8ª séries fizeram à exposição A Herança dos Czares, uma reunião de 200 obras do Museu do Kremlin, de Moscou, que ficou em cartaz entre abril e junho no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo. "Como já tínhamos estudado a arte bizantina, não tive dúvida: desafiei os adolescentes a montar um pagode", conta Marly. Apesar de no Brasil a palavra designar um tipo de samba, ela também denomina uma dança russa.
Diversas turmas já contaram em forma de coreografia a história do cientista Albert Sabin (1906-1993) e do pintor Salvador Dalí (1904-1989)e reproduziram com o corpo a famosa tela Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973). A última inspiração de Marly veio de uma visita que suas turmas de 7ª e 8ª séries fizeram à exposição A Herança dos Czares, uma reunião de 200 obras do Museu do Kremlin, de Moscou, que ficou em cartaz entre abril e junho no Museu de Arte Brasileira, em São Paulo. "Como já tínhamos estudado a arte bizantina, não tive dúvida: desafiei os adolescentes a montar um pagode", conta Marly. Apesar de no Brasil a palavra designar um tipo de samba, ela também denomina uma dança russa.
Passos do pagode russo na escola Angelita Maffei Vita: a idéia da atividade surgiu após visita a uma mostra sobre arte na terra dos czares. Foto: Karine Basilio
Durante um mês, os alunos desenharam com o corpo figuras geométricas no espaço, somente para esquentar: em pé, um ao lado do outro, eles faziam retas com os braços ou, individualmente, formaram triângulos com as pernas, entre outros movimentos. Em seguida, a turma escolheu as músicas e montou uma coreografia de quatro minutos. "Quando a professora me convidou, achei que seria uma chatice, porque todo mundo só gostava de black music e axé. Me enganei", confessa Suelen Fabiano da Silva, da 8ª série. "Descobrimos que alguns passos de black e axé podem ser adaptados para o pagode. Ficou ótimo", diz Mauro Rogério, também da 8ª série.
Marly se livrou de uma armadilha em que muitos professores acabam caindo: tentar ensinar balé clássico na escola. "Esse estilo vai contra a espontaneidade da atividade. Trabalhar com as danças populares sempre dá mais certo", alerta Hulda Bittencourt, diretora artística da Cisne Negro Cia. de Dança. Há cinco anos, o Cisne Negro oferece o curso Vem Dançar, dirigido a professores da rede pública paulistana, que mostra como o repertório popular pode deixar a dança mais atraente e de que modo ela evoluiu ao longo do tempo.
Muitas vezes vista como elitista, a dança é uma atividade de integração que se adapta muito bem a qualquer currículo. As fontes de inspiração para as aulas podem variar, de acordo com o projeto da escola e os interesses da turma o comportamento dos animais e os fenômenos da natureza, por exemplo, rendem boas atividades. A sala não precisa nem ter espelhos, como as dos grandes centros de dança: basta ser limpa, bem iluminada e ventilada. Para a aula ser produtiva e agradável, diga à garotada para usar roupas leves econfortáveis e tomar muita água, como em qualquer esporte, para não desidratar.
Marly se livrou de uma armadilha em que muitos professores acabam caindo: tentar ensinar balé clássico na escola. "Esse estilo vai contra a espontaneidade da atividade. Trabalhar com as danças populares sempre dá mais certo", alerta Hulda Bittencourt, diretora artística da Cisne Negro Cia. de Dança. Há cinco anos, o Cisne Negro oferece o curso Vem Dançar, dirigido a professores da rede pública paulistana, que mostra como o repertório popular pode deixar a dança mais atraente e de que modo ela evoluiu ao longo do tempo.
Muitas vezes vista como elitista, a dança é uma atividade de integração que se adapta muito bem a qualquer currículo. As fontes de inspiração para as aulas podem variar, de acordo com o projeto da escola e os interesses da turma o comportamento dos animais e os fenômenos da natureza, por exemplo, rendem boas atividades. A sala não precisa nem ter espelhos, como as dos grandes centros de dança: basta ser limpa, bem iluminada e ventilada. Para a aula ser produtiva e agradável, diga à garotada para usar roupas leves econfortáveis e tomar muita água, como em qualquer esporte, para não desidratar.
Quer saber mais?
Cisne Negro Cia. de Dança, R. das Tabocas, 55, 05445-020, São Paulo, SP, tel. (11) 3813-4966, www.cisnenegro.com.br
Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas, R. Manoel do Carmo, 100, 90830-340, Porto Alegre, RS, tel. (51) 3266-7096
Escola Municipal de Ensino Fundamental Dona Angelita Maffei Vita, R. Zilda, 193, 02545-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3955-2197
Espaço Brincar, R. Beatriz, 77, 05445-040, São Paulo, SP, tel. (11) 3034-4832
BIBLIOGRAFIA
Dança... Ensino, Sentido e Possibilidades na Escola, Débora Barreto, 163 págs., Ed. Autores Associados, tel. (19) 3289-5930, 28 reais
Espaço e Corpo Guia de Reeducação do Movimento, Ivaldo Bertazzo, 235 págs., Ed. Sesc SP, tel. (11) 3179-3400, 25 reais
Cisne Negro Cia. de Dança, R. das Tabocas, 55, 05445-020, São Paulo, SP, tel. (11) 3813-4966, www.cisnenegro.com.br
Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas, R. Manoel do Carmo, 100, 90830-340, Porto Alegre, RS, tel. (51) 3266-7096
Escola Municipal de Ensino Fundamental Dona Angelita Maffei Vita, R. Zilda, 193, 02545-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3955-2197
Espaço Brincar, R. Beatriz, 77, 05445-040, São Paulo, SP, tel. (11) 3034-4832
BIBLIOGRAFIA
Dança... Ensino, Sentido e Possibilidades na Escola, Débora Barreto, 163 págs., Ed. Autores Associados, tel. (19) 3289-5930, 28 reais
Espaço e Corpo Guia de Reeducação do Movimento, Ivaldo Bertazzo, 235 págs., Ed. Sesc SP, tel. (11) 3179-3400, 25 reais
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